Encontros Cantanhede, História, Arte e Património

A história, a arte e o património são manifestações maiores da memória de uma comunidade. Memória, que em sentido pleno, é a relação entre o tempo, a vivência e o devir. Soma de experiências e registo de realidades plurais e de afetividades.

Foi sob este espírito que se realizou, em 8 e 9 de Abril de 2022, o I Encontro Cantanhede – História, Arte e Património, logo designado I porque nascido com a intenção da continuidade. Assim se cumpriu o fado em 2023 que trouxe a Cantanhede, no dia 31 de março, e a Ançã, no dia 1 de abril, o II Encontro. Intui-se agora o III Encontro para outubro de 2024, nos dias 18 e 19 em Cantanhede e Ançã, respetivamente, e no dia 29 em Lisboa.

Rememorar Cantanhede na realidade do seu património, seja o construído pelo homem, quer pelas suas mãos quer pelas manifestações do espírito, seja o natural que a natureza lhe deu para lar, é a finalidade destes Encontros, que procuram numa reunião anual ser rumo de uma convergência de estudos e investigações – institucionais, económicos e culturais -, e esteio para a sua publicação e divulgação científica.

É o encontro com a miscelânea de uma longa jornada. Dos vestígios arqueológicos, da malha urbana onde se irmanam os edifícios religiosos e laicos, das edificações vetustas e simbólicas às construções mais comuns, do património que o espírito teceu da escrita à música erudita e popular. Das gentes comuns e das figuras ilustres. Das marcas etnológicas. E seguramente, também, do património natural, dessa terra que Deus deu e o que o homem também trabalhou e modelou.

Resguardada das rotas mais movimentadas, Cantanhede constituiu, não longe destas, uma identidade singular, no encontro da arenosa Gândara com a argilosa Bairrada, marcada institucional e socialmente pela secular permanência do Senhorio da Casa de Cantanhede-Marialva, até que o liberalismo tenha decisivamente uniformizado a administração nacional.

Mas não se restringe à singularidade o domínio dos Encontros. Propõem-se ser tão vastos como as pluralidades que a história traçou a Cantanhede:

  • o da sua integração externa, num mundo mais vasto, olhando extramuros a projeção que esta terra e gentes tiveram mais além, através dos seus naturais, que traçaram rotas quer no Portugal de antanho e nos seus domínios além-mar, quer nos tempos recentes, e dos seus produtos, da pedra mole de Ançã, com que se erigiram alguns dos simbólicos padrões da nacionalidade, à afamada produção vinícola, que já há quase um século volvido levou a que as armas de Cantanhede incluíssem nas suas peças heráldicas dois cachos de uvas.  
  • o da pluralidade interna do seu concelho, nomeadamente a que o liberalismo trouxe, com as reformas administrativas que legislou e que os novos tempos impuseram. Reformou-se o poder e a configuração do concelho, que hoje alberga no seu seio vários antigos municípios, alguns com a memória reduzida a reminiscências que aguardam ressuscitar da pesada sonolência. Trabalhos recentemente surgidos auguram o despontar de uma vitalidade da historiografia das freguesias.

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