Na comunicação que nos propomos apresentar, procuraremos, do ponto de vista da história e da teoria político-constitucionais, problematizar o lugar político do Palácio de São Marcos no séc. XX português. Trata-se de um sítio de origens intimamente associadas aos Meneses senhores de Cantanhede, o qual seria transfigurado em residência da família Bragança entre 1954 e 1975. Tentar-se-á responder às seguintes questões: por de trás do patrocínio governamental à instalação dos Duques de Bragança numa nova «corte na aldeia» que tipo de projeto ou de enquadramento políticos e/ou ideológicos estiveram em causa? Que medida de reconhecimento público dos herdeiros dos Reis de Portugal foi então observada? Tal foi parte e parcela da operacionalização de uma hipótese monárquica? Para além da dicotomia monarquia versus república, ter-se-á manifestado sobretudo uma visão de carácter «roialista», conceito que tem sido usado para designar uma disposição valorizadora das casas reais, mas ficando aquém da defesa da restauração da monarquia? E o novo centro Brigantino chegou a ser ponto focal de um dinamismo político autónomo?

Numa palavra, exploraremos o particular destino nacional de um local ligado aos senhores de Cantanhede (também eles descendentes da Casa Real portuguesa).

Sobre o autor

Pedro Rebelo Botelho Alfaro Velez é licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa (2002). Doutor em Direito, pela mesma instituição, na especialidade de Ciências Políticas (2014). Tem-se dedicado à investigação e ao ensino, lecionando disciplinas de direito público e de índole histórico-jurídica, em diversas instituições do ensino superior (Universidade Europeia; Universidade Nova-Nova Direito; Universidade Católica-Faculdade de Direito, no Porto; Instituto Politécnico de Leiria). É professor da Universidade Europeia. As publicações do autor acham-se disponíveis em academia.edu.