Em tempo de confinamento doméstico e de celebração do 25 de Abril de 1074, propomos o visionamento do programa “Entre Nós – Visita ao Forte de Peniche”, produzido e realizado pela Universidade Aberta em 2005, onde, guiados por António Dias Lourenço, visitamos virtualmente um dos locais de confinamento dos presos políticos de antes do 25 de Abril.
António Dias Lourenço nasceu a 25 de março de 1915, passou um total de 15 anos da sua vida na prisão política de Peniche (de 1949 a 1954 e de 1962 a 1974) e através da sua orientação e voz conhecemos o parlatório da prisão (local onde os presos falavam com as visitas, sem nunca haver contacto físico, nem sequer poder tocar ou dar um beijo a uma familiar), as celas (onde, entre outros, viveu o prisioneiro Álvaro Cunhal, que, como nos diz o nosso «guia», era um “grande artista plástico”, que passava o tempo a ler, a escrever e a desenhar a lápis de carvão) e o “o segredo” (a cela de punição, castigo disciplinar, também chamada “o redondo”).
Nesta visita ao Forte de Peniche somos confrontados com as duras condições de vida dos presos políticos e como se vivia em confinamento, lendo, estudando, dando aulas uns aos outros de Inglês, Português, Filosofia, História, elevando assim a cultura geral dos prisioneiros menos letrados.
A narrativa do antigo preso político não deixa de destacar também os planos e vicissitudes da célebre fuga de Álvaro Cunhal do Forte de Peniche (com, pelo menos, mais nove camaradas) e da sua própria fuga do “redondo”, planeada e levada a cabo ardilosa e corajosamente pelas suas próprias mãos.