Vídeo Era híbrida, educação disruptiva e ambientes de aprendizagem.

Professor José António Moreira

 

Neste vídeo, o Professor José António Moreira, da Universidade Aberta, aborda a temática Era híbrida, educação disruptiva e ambientes de aprendizagem. Discorre sobre o conceito de Educação Híbrida, passando em revista as noções de “era digital”, “era pós-digital” , “era analógico-digital”, “educação a distância” e “educação presencial”, chamando a atenção para a necessidade de revisão destes conceitos. Caracteriza a Educação Híbrida  tendo em atenção metodologias, pedagogias, ferramentas e fluidez espacial e temporal.

 

 

Transcrição do vídeo:

Hoje nós vivemos numa era completamente diferente daquela que era a realidade do século XX. Muitos autores falam na questão de nós vivermos numa era digital, vivermos num mundo digital, vivermos, até, numa era pós-digital.

Mais do que falar numa era digital ou numa era pós-digital, eu acho que é muito importante nós falarmos numa era analógico-digital porque, claramente, nós vivemos numa era híbrida, numa era de transição, numa era de mudança, que recupera aquilo que possa ser uma realidade mais passada com uma realidade presente, perspetivando aquilo que vai acontecer no futuro.

E, nesse sentido e tendo a sociedade esta configuração e havendo autores, inclusive, como o Artur, que defendem esta questão do hibridismo, daquilo que possa ser a ligação entre diferentes espaços, entre diferentes realidades, entre aquilo que são os humanos, os não humanos, que interagem, digamos assim, nesta nova realidade social, a própria educação não pode ficar afastada desta… desta realidade e, portanto, hoje em dia, parece-me que nós deveremos falar também numa educação híbrida…

Uma educação híbrida mas num sentido que não se restrinja apenas a falar de um hibridismo da modalidade educativa, não apenas dizer que a educação híbrida ou o ensino híbrido é a combinação de uma modalidade presencial com uma modalidade a distância.

Até porque, hoje em dia, esses conceitos têm de ser repensados, falando e tentanto descodificar exatamente o que é que a educação a distância, que é, naturalmente, diferente daquela que existia há 20 anos e há 10 anos atrás, como a educação presencial é diferente.

Portanto, do ponto de vista concetual, se calhar também temos de pensar que tem mais sentido falar, por exemplo, em educação digital e uma educação … ou uma educação analógico-digital, que se manifesta nestes diferentes espaços e, portanto, que claramente ultrapassa apenas a dualidade entre educação presencial e educação a distância, mas uma educação híbrida, que se manifeste também através de metodologias diferenciadas, onde as metodologias ativas vão assumindo um papel cada vez mais importante mas as metodologias, digamos assim, que já têm alguma tradição e que são seculares não devem ser eliminadas mas devem ser coordenadas com estas metodologias ativas, onde as próprias ferramentas digitais dialoguem com ferramentas mais analógicas e, portanto, que não se restrinja àquilo que seja, por exemplo, a leitura digital aos tablets, a dispositivos móveis, mas que se perceba também que os cadernos, mais clássicos, os livros, mais físicos, poderão ser importantes para interagir…

Perceber, efetivamente, também, que não há apenas uma pedagogia e, portanto, quando nós estamos a falar em educação híbrida podemos combinar pedagogias de caráter mais transmissivo com pedagogias de caráter mais dialogante, de caráter mais colaborativo, mais explicativo, de cooperação, de colaboração, e portanto falarmos … faz mais sentido, quando nós falamos em Educação Híbrida, falar no plural do que propriamente no singular.

E, obviamente, que isto abre o campo da Educação para uma área que, muitas vezes, acaba por ser difícil de delimitar fronteiras, porque as fronteiras não existem, as fronteiras são muito indefinidas, não existem paredes que fechem atualmente aquilo que nós podemos considerar como uma sala de aula…

Porque se tivermos efetivamente a falar de uma realidade física existem fronteiras físicas mas quando nós falamos numa Educação Híbrida, naturalmente, estamos a falar em espaços onde os espaços educativos não são apenas a sala de aula formal, mas a própria cidade, o espaço envolvente, pode ser um espaço educativo, obviamente que aí nós estamos a falar de fronteiras fluídas, liquidas, que nós não sabemos exatamente onde elas começam e onde elas terminam.

E isto é que é admirável também perceber… que a educação não termina num ponto definido nem acaba noutro mas é uma educação que vai decorrendo em todos estes espaços e em todo o tempo, porque não existe uma hora definida para começar a aprender e uma hora para acabar, porque, obviamente, aquilo que é, também, o poder da rede digital e do sinal digital faz com que desde que haja uma ligação online há uma aprendizagem que ocorre em todo o tempo.

Portanto, nós hoje temos de repensar efetivamente o que é que nós entendemos por educação híbrida, por ensino hibrido, percebendo a visão redutora de dizer que a combinação entre uma modalidade presencial e uma modalidade online é educação híbrida.

Não deixa de ser verdade, mas é uma verdade limitada àquilo que nós entendemos hoje que pode ser uma maior amplitude da educação híbrida, e que tem de ser estudada, que tem de ser investigada e que abre as fronteiras, de facto, para os não limites daquilo que é uma educação formal.